A plataforma Oyá Digital está prestes a lançar um projeto inovador que promete revolucionar a forma como enxergamos as baianas de acarajé no Brasil. Além de mapear essas figuras icônicas em todo o país, a plataforma tem o potencial de se tornar uma ferramenta fundamental para pesquisadores e gestores no planejamento e execução de políticas públicas em benefício dessas mulheres.
Para a antropóloga Maria Paula Adinolfi, o desafio enfrentado pelas baianas de acarajé é similar ao enfrentado pela capoeira: grupos de imensa importância cultural que, por muito tempo, ficaram à margem das políticas públicas. "É o mesmo desafio da capoeira. São grupos de grande importância cultural, mas que sempre ficaram de fora das políticas públicas", afirma Adinolfi.
O Centro Palmares endossou a importância desse projeto, destacando que seu objetivo principal é "dar visibilidade a um povo invisível". Danilo Moura enfatiza que:
"Quebramos, logo de cara, o mito de que baiana de acarajé só tem na Bahia. Depois, trouxemos para primeiro plano pessoas que representam mais que um ofício, um bem cultural."
Moura revelou a presença surpreendente de baianas em locais tão diversos como Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, e até mesmo em países estrangeiros como Portugal, Espanha, Itália e Holanda.
"Ainda falta cadastrar algumas e buscar informações sobre outras, mas demos um primeiro passo, Agora, não tem mais desculpa para não se elaborar políticas para esse grupo", provocando uma reflexão sobre a necessidade de medidas efetivas em prol dessas mulheres tão importantes para a nossa cultura.
Rita Santos
Presidente da ABAM
A diversidade e a riqueza cultural representadas pelas baianas de acarajé são imensas. Não se trata apenas de um ofício, mas de um verdadeiro patrimônio cultural brasileiro. A plataforma Oyá Digital surge como um instrumento para documentar e preservar essa herança, ao mesmo tempo que oferece oportunidades para a modernização e evolução desse grupo sem perder sua essência. O lançamento oficial da plataforma está previsto para coincidir com a criação do Conselho Gestor da Salvaguarda do Ofício de Baiana de Acarajé, marcando os 10 anos de registro do ofício como Patrimônio Imaterial Brasileiro.
Carlos Amorim, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na Bahia, destacou a importância das baianas de acarajé como "monumentos vivos que mantêm uma tradição ancestral". A plataforma Oyá Digital não apenas dá visibilidade a essas mulheres incríveis, mas também oferece uma oportunidade única para a sociedade brasileira reconhecer e valorizar seu papel fundamental em nossa identidade cultural. É um passo crucial em direção a políticas públicas mais inclusivas e justas para todos.
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