Nossa TRAVESSIA é por uma sociedade mais justa, fraterna, sem racismo, sem machismo e sobretudo socialista, identificando na singularidade da luta e da resistência histórica do povo africano, indígena e dos brancos pobres e renegados que participaram da formação dos quilombos, principal instrumento de resistência ao colonialismo, escravismo e capitalismo, o fio condutor desta, por ter na superação da ordem vigente de maneira contra-hegemônica a experiência mais latente de nossa história. O Quilombo é a síntese da luta do povo brasileiro e sua resistência histórica que se iniciou com a resistência indígena e africana prosseguiu, por séculos e séculos, tendo o povo como principal protagonista.
O Capitalismo se estruturou a partir do escravismo, a classe trabalhadora é, principalmente na Bahia, afrodescendente e vive a experiência de classe a partir de sentidos e heranças de sua matriz identitária, cultural e de origem. Desta maneira, somos o quilombo como projeto de uma sociedade em que os valores culturais, de bem viver, de existir e sentir o mundo estejam para além da forma dominante racionalista burguesa e consiga afirmar uma sociedade socialista hegemonizada por valores construídos no processo de afirmação política e identitária de negros, indígenas e populações tradicionais.
É inquietante a constatação de que o que foi experimentado nos quilombos, durante o período escravagista, tenha causado tanto incômodo as elites coloniais, e ainda mais inquietante é a questão que nos move, a indagação de por que não testá-lo novamente, como dar continuidade a essas experiências que foram sufocadas em seu tempo?
Existem grandes desafios postos à nossa tarefa, pois os colonizadores tiveram a sapiência de apagar quaisquer vestígios que nos remetesse às metodologias e que nos aproximasse deste projeto original. Por tanto é necessário e urgente que a esquerda compreenda toda radicalidade de um projeto socialista no Brasil, sem indiferença ou, ainda, a incorporação retórica das “lutas contras as opressões”, é centrado na luta negra e nos experimentos de exercício de poder e autonomia ocorridos nos quilombos.
É necessário à realidade brasileira um partido ecossocialista, democrática e quilombola em que todos e todas se sintam parte integrante e orgânica de um partido que tenha vida coletiva e que geste lutas, junto com o povo, não pelo o povo.
Somente quando nos convertermos em um educador coletivo, em que tenha capacidade de dialogar para milhões e não apenas para parcelas da vanguarda socialista e revolucionária é que ele conseguirá se converter em um dos polos do processo de reorganização da esquerda brasileira, afirmando um projeto político alternativo.
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