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Centro Palmares assina declaração contra o avanço da extrema direita na Argentina



Em uma declaração conjunta emitida por organizações e movimentos sociais da América Latina, expressa a profunda preocupação em relação às eleições na Argentina, com o primeiro turno marcado para o dia 22 de outubro, em relação ao avanço alarmante da extrema direita no país, em especial na figura de Javier Milei. No documento, destacou-se a complexidade do cenário argentino, marcado por uma dívida ilegítima com o FMI, levando a cortes orçamentários que impactam fortemente os setores populares e a classe média.


O candidato de extrema direita, Javier Milei, que foi o vencedor das primárias argentinas e aparece em segundo lugar nas pesquisas, atrás de Sergio Massa e pouco a frente de Patrícia Bullrich, tem ganhado apoio de uma parte da população ao se posicionar contra as instituições democráticas, defendendo uma redução drástica do Estado e promovendo ideais de livre mercado anarcocapitalistas. Suas propostas ultraliberais incluem privatizações, dolarização da economia, o fechamento do Banco Central e outras medidas ideológicas de extrema direita, como o fim de negociações com a China, representando uma guinada preocupante nas políticas econômicas do país que já sofre com a inflação.


Confira na íntegra a declaração que o Centro Palmares assina:


DECLARAÇÃO DE ORGANIZAÇÕES E MOVIMENTOS SOCIAIS DA AMÉRICA LATINA SOBRE AS ELEIÇÕES NA ARGENTINA, AVANÇO DA EXTREMA DIREITA E IMPACTOS NA INTEGRAÇÃO REGIONAL


No próximo dia 22 de outubro, o povo argentino estará votando para escolher seu novo chefe de Estado. O cenário é complexo do ponto de vista socioeconômico e político. A Argentina encontra-se encurralada por uma dívida ilegítima com o FMI, que exige cortes orçamentários e ajustes que afetam dramaticamente os setores populares da população, ao mesmo tempo em que empobrecem uma classe média que, diante de um cenário de alta inflação e instabilidade econômica, enfrenta uma recaída histórica em seu poder de compra.


O descontentamento social se manifestou nas últimas eleições, como também foi observado no Brasil em 2019, com o apoio de parte da população ao candidato de extrema direita Javier Milei, que se opõe às instituições democráticas e defende uma redução drástica do Estado e um ideal de mercado livre para o modelo empresarial. Suas propostas ultraliberais incluem a privatização de empresas e serviços públicos, a dolarização da economia e o fechamento do Banco Central.


Contrariando todos os debates e desafios que construímos junto à comunidade internacional diante do desafio imposto pela emergência climática e socioambiental, Milei se apresenta como um negacionista das mudanças climáticas. Caso seja eleito, ele anunciou a saída da Argentina do Mercosul e o rompimento dos laços comerciais com países como Brasil e China, considerando-os sob a órbita do comunismo. Após a adesão da Argentina ao bloco dos BRICS, o mesmo candidato afirmou que, se assumir a presidência, não apoiará essa adesão, alegando que os países que compõem o bloco ameaçam as liberdades individuais, o direito à propriedade e o livre mercado. Em contrapartida, ele propõe como prioridade de seu eventual governo o estreitamento dos laços comerciais com Israel e Estados Unidos.


Vemos com preocupação o avanço de posições que defendem a ruptura definitiva do bloco MERCOSUL e propõem mecanismos de livre comércio e completa liberalização dos mercados no país. O MERCOSUL representa para a Argentina o principal espaço de integração econômica regional, que permite diminuir as assimetrias entre nossas economias e o Norte Global, fortalecer os laços comerciais entre os países que compõem o bloco por meio de mecanismos internos e fortalecer a cooperação e a solidariedade em nossa região.


A integração de nossos países no MERCOSUL é um percurso histórico que constrói articulações nos aspectos comerciais, produtivos, sociais e políticos, por meio do papel fundamental dos Estados que, por meio de sua unidade, promovem sua autonomia e soberania no contexto da subordinação hemisférica proposta pela globalização.


Diante do avanço da extrema direita, convocamos a levantar as vozes de unidade dos povos latino-americanos em defesa de nossos Estados nacionais, da soberania política de nossos países e da preservação da integração regional.


Expressamos nossa solidariedade às organizações e movimentos sociais na Argentina, apoiando com firmeza o povo argentino para que consigam enfrentar esse avanço e preservar a democracia no país.


Assinam:

Aitec (France)

Amigas da Terra Brasil

Associação Agroecológica Tijupá

ATALC - Amigos de la Tierra América Latina y Caribe

CDDH Dom Tomás Balduíno de MARAPÉ ES

CEARAH Periferia. ONG

Centre national de coopération au développement (CNCD-11.11.11), Belgium

Centro Palmares de Estudos e Assessoria por Direitos

CONTRAF - Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura

Familiar do Brasil

Ecovila Riacho Doce

Esplar- Centro de Pesquisa e Assessiris

FAOR - Fórum da Amazônia Oriental

FASE – Solidariedade e Educação

Frente Brasileira contra o Acordo UE-Mercosul e EFTA-Mercosul

GADIP, Gender and Development in Practice

INESC – Instituto Nacional de Estudos Socioeconômicos

ISP – Internacional dos Serviços Públicos

Itaipú 2023 Causa Nacional

ITESO, México

Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA

Movimento Nacional de Direitos Humanos - MNDH Brasil

Movimento Paulo Freire do Nordeste

Movimento SOS Chapada dos Veadeiros

MST RS

Otros Mundos Chiapas - Amigos de la Tierra México

PAD – Articulação e Diálogo Internacional

Pedal Lula Livre

REBRIP – Rede Brasileira pela Integração dos Povos

Rede Jubileu Sul Brasil

REDES - Amigos de la Tierra Uruguay

REDES AT Uruguay

SOBREVIVENCIA - Amigos de la Tierra Paraguay

SOBREVIVENCIA, Amigos de la Tierra Paraguay

Tierra Nativa - Amigos de la Tierra Argentina

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