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Carnaval 2023 - Padê de Exu marca presença do Afoxé Bamboxê no Circuito Mestre Bimba com protagonismo da juventude negra


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15 de fevereiro de 2023

No Circuito Mestre Bimba em Nordeste de Amaralina, o Afoxé Bamboxê promoveu um momento de profunda conexão espiritual e resistência cultural com a realização do tradicional Padê de Exu. O ato litúrgico, realizado no Sítio Caruano, antecedeu o cortejo que desceu a avenida principal ao som do ijexá e do rufar dos atabaques, em uma vibrante celebração afro-brasileira.


Liderado por Almir Odún Ará, o Bamboxê reafirmou sua identidade como um bloco de obrigação religiosa e ancestral, mas também como espaço de expressão política e cultural. Segundo ele, a saída do grupo este ano foi uma decisão tomada a partir de um senso de responsabilidade espiritual e comunitária.

"Fizemos o padê pedindo a Exu que cuide do nosso carnaval. O Bamboxê é uma obrigação religiosa ancestral, o próprio nome já fala sobre isso", destacou.

Criado em 20 de novembro de 2009, o Afoxé Bamboxê é composto por 12 músicos do próprio bairro, todos praticantes do candomblé e umbanda, e agrega cerca de mil associados. Mais do que um bloco carnavalesco, é um instrumento de transformação social e valorização da cultura negra na periferia soteropolitana.


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Juventude em destaque

No cortejo e nas ações do Bamboxê, a juventude tem papel central, não apenas nos instrumentos e na dança, mas também na construção de uma consciência coletiva baseada na ancestralidade e no enfrentamento ao racismo religioso. Jovens de terreiro, muitos deles moradores do Nordeste de Amaralina, participam ativamente das oficinas de capoeira, dança afro e percussão promovidas pelo grupo ao longo do ano. São essas juventudes que dão continuidade ao legado ancestral e resistem diariamente à marginalização de suas crenças e corpos.


Inspirado por ícones como os Filhos de Gandhy, Ilê Aiyê e Malê Debalê, o Bamboxê não foge ao compromisso de denunciar as mazelas sociais. Em seu repertório, são comuns letras que abordam temas como a violência urbana e o racismo estrutural, estabelecendo uma ponte entre a tradição religiosa e os desafios contemporâneos enfrentados pela juventude negra da periferia.


Ao transformar o circuito carnavalesco em espaço de afirmação cultural, espiritualidade e luta por direitos, o Afoxé Bamboxê leva ao carnaval como que Exu abre caminhos também para o povo negro ocupar o seu lugar: com dignidade, memória e força coletiva.

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